RAMAL DE MANGARATIBA
HISTÓRICO DA LINHA: O ramal de Angra,
posteriormente chamado de ramal de Mangaratiba, foi inaugurado em 1878,
partindo da estação de Sapopemba (Deodoro) até o distante subúrbio de Santa
Cruz. Somente foi prolongado em 1911 até Itaguaí, e em 1914 chegou a Mangaratiba,
de onde deveria ser prolongado até alcançar Angra dos Reis, onde, em 1928, a E.
F. Oeste de Minas havia atingido com sua linha vinda de Barra Mansa. Tal nunca
aconteceu, e o ramal, com trechos belíssimos ao longo da praia, muito próximo
ao mar, transportou passageiros em toda a sua extensão até por volta de 1982,
quando foi desativado. Antes disso, em 1973, uma variante construída pela RFFSA
e que partia de um ponto próximo à estação de Japeri, na Linha do Centro,
permitia que trens com minério alcançassem o porto de Guaíba, próximo a
Mangaratiba, encontrando o velho ramal na altura da parada Brisamar. A
variante, entretanto, deixava de coincidir com o ramal na altura da ponta de
Santo Antonio, onde desviava para o porto; com isso, em 30/06/1983, o trecho original
entre esse local e Mangaratiba foi erradicado e os trens passaram a circular
somente entre Deodoro e Santa Cruz, de onde voltavam. Hoje, esse trecho ainda é
usado pelos trens de subúrbio, o trecho entre Santa Cruz e Brisamar está
abandonado e o restante, Brisamar-porto, é utilizado pelos trens de minério
apenas.
VILA MILITAR
A estação de Vila Militar foi inaugurada em
1910. Em 1928, Max Vasconcellos explicava a razão de seu nome: "...chega o
trem à Vila Militar, onde o passageiro observa as amplas, modernas e
confortaveis construções para aquartelamento de tropas da guarnição militar do
Rio de Janeiro, destacando-se de entre elas o edifício da Escola de
Aperfeiçoamento, à esquerda e o Casino, à direita." Hoje é estação do trem
metropolitano da Supervia, mantendo seu belo prédio.
A estação, sem data, provavelmente anos 1910. Autor desconhecido.
PINTURA A ÓLEO. SEM DATA.
FOTO TIRADA EM 1910.
Magalhães Bastos
A
estação de Magalhães Bastos foi inaugurada em 1914 e seu nome
homenageia Antonio Leite de Magalhães Bastos Filho, coronel comandante
do Primeiro Batalhão de Engenharia. Aliás, seu nome original era Coronel
Magalhães Bastos. Max Vasconcellos afirmava em 1928 que "os moradores
da ala esquerda da Villa Militar serviam-se do pequeno estribo de Cel.
Magalhães Bastos." Ou seja, era apenas uma paradinha próxima (menos de 1
km) da estação anterior, que levava o nome da Vila Militar. A partir do
final de 2003, a estação ficou um ano sem que trens com destino a Santa
Cruz pudessem parar na plataforma para desembarque de passageiros, fato
que levou a população do local a ter de tomar ônibus até a estação do
Realengo para ali tomar o trem.. A plataforma foi destruída em função de
uma tubulação de água que se rompeu. Após cobranças e mais cobranças,
reportagens em jornais e nada ser resolvido, foi impetrada Ação Cívil
Pública contra a Supervia para que se resolvesse o problema. O serviço
afinal foi executado, além melhorias como a cobertura da de parte da
plataforma, construção de banheiros sanitários, pintura etc. A vitória
da população do bairro e dos usuários do trem foi alcançada devido à
participação da associação comunitária deMagalhães Bastos e do site
www.magalhaesbastos.com.brconseguindo a dificil tarefa de ter uma
estação de trem decente.
(Fontes:
Anderson Souza, 2007; Wanderley Duck; Rogério Ferreira, 2006; Max
Vasconcellos: Vias Brasileiras de Communicação, 1928; Mapa - acervo R.
M. Giesbrecht)
A estação de Magalhães Bastos, sem data. Acervo Rogerio Ferreira da Silva, do site www.magalhaesbastos.com.br
estação, sem data. Autor desconhecido
Realengo
A
estação de Realengo foi aberta em 1878. O nome já existia, ao contrário
do que certas fontes contam, ou seja, de que a palavra teria vindo do
Real Engenho, existente no local, abreviado na estação ferroviária ou
mais tarde nos bondes da região, como Real Engo. A história seria
plausível se houvessem engenhos por ali, o que não é verdade. A verdade é
que "Comprovadamente as denominadas Terras Realengas têm sua origem,
segundo alguns historiadores, pela Carta Régia de 27 de Junho de 1814,
através do qual D. João ainda príncipe concedeu em sesmaria ao Senado da
Câmara do Rio de Janeiro os terrenos situados em Campo Grande, chamados
de realengos, porque advindos da conquista territorial pela descoberta
do país se encontravam incompletos ao patrimônio real" (História de
Realengo, autor não citado). Em 1913, próxima à estação, foi criada a
Escola Militar do Realengo, fechada em 1941 e transferida para a Escola
Militar de Resende, hoje a Academia Militar das Agulhas Negras. Hoje, a
atual estação é operada pela Supervia. O prédio atual parece ter sido
construído em 1937. Pelo viaduto, as pessoas passam pela bilheteria e
descem a escada e chegam as plataformas. Nela está escrito EFCB 1937.
A estação original do Realengo, em 1908. Foto cedida por Marco Giffoni
A estação, provavelmente anos 1980. Vê-se que o prédio atual já é outro, provavelmente dos anos 1940. Foto do site da CBTU
Padre Miguel
A
estação de Padre Miguel foi aberta em 1940, já como típica estação de
trens de subúrbio. O nome homenageia o Monsenhor Miguel de Santa Maria
Mochon, nomeado em 1910 como peimeiro vigário da Paróquia de Nossa
Senhora da Conceição do Realengo. Hoje é operada pela Supervias. O nome,
pelo menos nas placas, foi alterado para Mocidade de Padre Miguel, como
referência à escola de samba.
A estação em 01/2009. Foto Anderson
Guilherme da Silveira
A
estação de Guilherme da Silveira foi aberta em 1948, já como típica
estação de trens de subúrbio. Recebeu o nome de um antigo presidente
daCompanhia Progresso Industrial do Brasil. Hoje é operada pela
Supervias. Fica num local cercado de favelas, o que torna o ponto área
de risco. A estação fica em frente ao estádio de futebol MoçaBonita, do
Bangu A. C..
A estação, provavelmente nos anos 1980. Foto do site da CBTU
Bangu
A
estação de Bangu foi aberta em 1890 como um prédio de tábuas, que ainda
existia em 1928, segundo Max Vasconcellos. O nome provinha do morro que
ficava ao lado. Em frrente à estação ficava o jardim da fábrica de
tecidos Bangu, que deu origem ao time de futebol. A fábrica fechou, o
time ainda funciona. Somente em 1936 (data colocada no dístico da
estação) foi entregue a estação atual, em alvenaria, que hoje serve aos
trens metropolitanos da Supervias.
(Fontes:
Rafael Asquini; Rodrigo Cunha; Max Vasconcellos: Vias Brasileiras de
Communicação, 1928; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960;
Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
Pátio e estação de Bangu em 1936 (Autor desconhecido).
Estação de Bangu, sem data. Autor desconhecido
Viegas
A
estação de Viegas foi aberta em 1924. Ficava próxima a uma ponte sobre o
rio do mesmo nome. Devia ser uma parada apenas, não cotada nos guias.
Já foi desativada há anos. Sem mais informações.
Senador Camará
A
estação de Senador Camará foi aberta em 1923. O nome homenageia o
antigo Senador Otacílio de Carvalho Camará, morador no bairro carioca de
Santa Cruz, próximo a esta estação. Hoje é uma estação dos trens
metropolitanos da Supervias - no meio de um local bastante perigoso do
Rio de Janeiro.
Desastre da Central em Senador Camará, em 1933. (Noite Ilustrada, 1933)
Santíssimo
A
estação de Santíssimo foi aberta em 1890. Hoje é uma estação dos trens
metropolitanos da Supervias. O prédio atual é dos anos 1970 ou 1980.
Notícias de 2009 dão conta que, em 6 de março, a estação foi
parcialmente depredada por passageiros revoltados com a paralisação dos
trens, causada por troca de tiros na estação seguinte, de Senador
Camará, que acertaram os cabos de energia.
(Fontes:
CBTU; Max Vasconcellos, Vias Brasileiras de Comunicação, 1928; O Estado
de S. Paulo, 7/3/2009; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht).
Foto provavelmente dos anos 1980. Foto do site da CBTU
Augusto Vasconcellos
A
estação de Augusto Vasconcellos, também chamada de Senador
Vasconcellos, foi aberta em 1914. Seu nome deriva de um senador que fez
carreira política no bairro de Campo Grande. Hoje é uma estação dos
trens metropolitanos da Supervias. Sem mais informações.
(Fontes: Max Vasconcellos: Vias Brasileiras de Communicação, 1928; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
João Ellis
A
estação de João Ellis, também chamada de Ítalo Del Cima, foi aberta em
função da sede do time de futebol do Campo Grande, cujo estádio ali
ficava e tinha o nome de Ítalo Del Cima. Teria sido desativada quando o
time foi rebaixado da Primeira para a Segunda Divisão do futebol
fluminense. Terá tido alguma construção ou terá sido sempre uma
plataforma isolada?
(Fontes: Julio Cesar da Silva, 2009; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
A parada em 2009. Foto Julio Cesar da Silva
Campo Grande
A
estação de Campo Grande foi aberta em 1878 ainda pela E. F. Dom Pedro
II. Este bairro carioca é bastante antigo e de sua estação, em 1928,
saíam três linhas de bondes elétricos: o doPrata, a da Ilha e a da
Pedra, que levava pescadores para a Pedra de Sepetiba. Hoje a estação
serve aos trens metropolitanos da Supervias. Os bondes, claro,
desapareceram há anos... anos demais.
(Fontes:
Claudio Marinho Falcão; Anderson --, 2008; Alexandre Fernandes Costa,
2004; IBGE: Enciclopedia dos Municípios Brasileiros, 1958; Max
Vasconcellos: Vias Brasileiras de Communicação, 1928; Mapa - acervo R.
M. Giesbrecht)
A estação provavelmente anos 1930. Acervo Claudio Marinho Falcão
A estação em meados dos anos 1950. Foto da Enciclopedia dos Municípios Brasileiros, vol. VI, IBGE, 1958
Benjamim do Monte
A
estação de Benjamim do Monte foi aberta em 1971. Seu nome homenageia o
Chefe da Superintendência da Eletrificação das linhas da Central do
Brasil em 1935, Benjamim do Monte. A estação foi aberta quando da
construção do estaleiro da Ishikawajima, este inclusive com acesso
ferroviário.
(Fontes:
Aleksander Oldal; Jorge A. Ferreira; Hélio Suevo: A Formação das
Estradas de Ferro do Rio de Janeiro, Memória do Trem, 2004; Mapa -
acervo R. M. Giesbrecht)
Pátio
de Benjamim do Monte, com a saída do (extinto) ramal para as Indústrias
Plasser sendo assinalado com uma seta (Foto Aleksande Oldal em 5/2010).
A estação em 5/2010. Foto Aleksander Oldal
Inhoaíba
A estação de Inhoaíba foi aberta em 1912. Hoje é uma estação dos trens metropolitanos da Supervias. Sem mais informações.
SEM DATA.
Cosmos
A estação de Cosmos foi inaugurada em 1928. É uma das estações do trem metropolitano da Supervias, em 2008.
A estação de Cosmos em 1928, época de sua abertura. Foto Max Vasconcellos
Paciência
A
estação de Paciência foi inaugurada em 1897. A estação foi construída
nessa época e provavelmente foi a que aparece na foto abaixo - que não é
o prédio atual (MemóriaHistórica da Central do Brasil, 1908, p. 498). O
nome veio daFazenda do Mato da Paciência, antiga fazenda local, há
muito desaparecida. A estação original era de madeira, precaríssima.
Hoje é uma estação de trens metropolitanos. (Fontes: Wanderley Duck; Max
Vasconcellos: Vias Brasileiras de Comunicação, 1928; Memória Histórica
da Central do Brasil, 1908; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil,
1960; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
A estação original de Paciência, sem data. Foto cedida por Wanderley Duck
Tancredo Neves
A estação de Tancredo Neves foi inaugurada em 1987 já para ser estação de trens metropolitanos. Hoje serve à Supervias.
Santa Cruz
A
estação de Santa Cruz foi inaugurada em 1878 e permaneceu até 1911 como
ponta de linha do ramal. Em 1902, a EFCB informava que "a estação dava
correspondência com o ferro-carriol de Santa Cruz a Itaguaí e
ferro-carril e navegação Santa Cruz" (Estrada de Ferro Central do
Brasil, 2o volume, Imprensa Nacional, 1902) - provavelmente duas linhas
de bonde na época, antes da abertura do prolongamento do ramal, pelo
menos. Somente em 1911 foi aberto o trecho seguinte até Itaguaí e que em
1914 foi prolongado até Mangaratiba, seu ponto final. Embora houvesse
planos de encontrar a linha da E. F. Oeste de Minas - depois RMV - em
Angra dos Reis, este trecho nunca foi construído. A eletrificação
implantada na Central do Brasil atingiu Santa Cruznos anos 1940 e daí
nunca passou. Portanto, os trens de subúrbio chegavam até esta estação e
dali prosseguiam para Mangaratibapuxados por locomotivas a vapor, e a
partir dos anos 1950, por diesels. Este deve ter sido um dos motivos do
fim do Macaquinho, apelido do trem que ia de Santa Cruz a Mangaratiba,
nos anos 1980. De Santa Cruz saía o ramal do Matadouro, que ficava dali a
curta distância, mas que o trem também atendia. Saía também da estação
de Santa Cruz um ramal para a base aérea para os Zeppelins, contruído
por volta de 1934. Este ramal foi feito para a construção do hangar, mas
continuou por algum tempo para transportar os passageiros que chegavam
pelos dirigíveis para o centro do Rio em carros de primeira classe. Hoje
o ramal está desativado e ainda dele sobram resquícios, mas a base
aérea continua existindo, não para zeppelins, claro. (Fontes: Alexandre
Fernandes Costa; Julio Cesar da Silva; Tibor Jablonski; Jorge A.
Ferreira; Marco Giffoni; ___: Estrada de Ferro Central do Brasil, 2o
volume, 1902; Max Vasconcellos: Vias Brasileiras de Comunicação, 1928;
Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
A estação de Santa Cruz em 1908. Foto cedida por Marco Giffoni
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